a aeromoça de marrakech

a novela o clone tinha acabado de passar na globo e a idéia era brincar de lucas e jade em fez. se visitar o marrocos fora do esquema de excursão, sem ter reserva de estadia e transporte entre o natal/ano novo, muito menos plano de viagem já é uma tarefa de gincana pra quem tinha pouca grana, pouca paciência e não falava árabe ou francês, estar acompanhado de uma loira de calça de brim apertada num país muçulmano deixava as coisas ainda mais difíceis. os poucos marroquinos que se aproximavam já falando inglês ou espanhol, eram os mais espertos e significavam a certeza de que iriam nos atoxar em comissões nas “imperdíveis” lojinhas, nos restaurantes dos amigos e ainda te fariam propostas do tipo “tua mulher vale 100 camelos”. depois de uma semana passando por todo tipo de perrenguee curtindo uma arquitetura e artesanato du caralho, decidimos que era hora de começar a jornada de volta ao velho continente. eis que na nossa cabine do trem entra uma marroquina sem burka e que falava inglês, duas peculiaridades, isso sem mencionar um decote e um sorriso que deixou a surfgirl indignada. de qualquer forma quando chegamos em casablanca, onde íamos conhecer uma mesquita não sei das quanta, o noivo da aeromoça do decote ia nos dar uma carona até o hotel. até aí tudo bem, mas a insistência de que gastar em hotel era bobagem e que podíamos dormir na casa deles que ficava perto da mesquita causaram um tremor no banco de trás do passat “não durmo na casa dessa vaca por nada nesse mundo!” criado o impasse e o choque cultural, ficou acertado ao menos tomar um chá na casa deles depois de visitar a mesquita. quando a amiga da aeromoça abriu a porta do ap, ela tinha a cara e o jeito de andar das gurias da farrapos e o quarto reservado pra nós tinha espelho até no chão! acabamos não tomando o tal chá e eu voltei pra madrid ouvindo de um tudo. “eu posso não falar inglês, mas essa vagabunda não me enganou nem por um minuto!” That’s all folks!