nosso amigo sem paciência*

bernardo salcedo, o terror dos garçons e dos prestadores de serviço em geral, nunca foi fácil. o excesso de sinceridade rendeu algumas cenas constrangedoras e engraçadas. quem mais diria para a guria na fila do cinema, já na primeira saída: "tu não estás esperando que eu pague a tua entrada, está?" o seu jeitão irreverente de fato nem sempre era bem interpretado. desde criança já mostrava que não tinha vindo ao mundo pra ser mandado, com apenas 6 anos na cara, não gostou da forma que seu treinador de natação mandou ele fazer as coisas e foi defender as cores do clube adversário. em outra ocasião, já na adolescência, o berna invadiu a casa do zé em atlântida e foi direto para a piscina, sem sequer cumprimentar o pai do diguinho! logo o véio zé... nos tempos de rosário com seus cabelos estilo valderrama, fruto de muito cloro e pouco shampoo, tinha uma hiper-atividade contagiante, a irreverência era sua marca, e a inteligência a arma que usava pra fazer valer as duas primeiras. agora alguns desavisados que tentaram enfrentar nosso amigo sem paciência, foram cruelmente abatidos, e até hoje, mais de 15 anos depois, gastam fortunas em terapia para lograrem sobreviver. os anos passaram e a inquietude do cara só cresceu, a busca pelo novo o levou à madrid, são paulo e a monte santo de minas! dizem as más e as boas línguas, que longe dos pagos gaúchos o rapaz sabia como poucos controlar sua impaciência, para muitos parecia até um cordeirinho. mas, era só ultrapassar as fronteiras do rio grande que o lobo vinha à tona, e o verdadeiro berna surgia novamente. por outro lado, essa experiência o fez conhecer um pouco mais do mundo e das pessoas. e os que convivem com ele só ganharam com isso. nosso hoje recordista sulamericano nos 200m livre está acelerando dentro e fora das piscinas. com projetos mil, pessoais e profissionais. não necessariamente nesta ordem. pensando cada vez mais nas suas famílias: a que Deus lhe deu e a que ele escolheu. prova disso a idéia do blogduberna com estórias dos amigos, com um objetivo de não só enaltecer a amizade, mas mostrar também a estes o quanto cada um foi e é importante na vida do outro. poderia citar uma frase por ele sempre repetida: "ninguém muda". não o faço porque no caso do berna ela não se aplica de forma absoluta. o cara segue atropelando, com cada vez mais criatividade, mas hoje, ao contrário de outrora, conjuga bem mais o ‘nós’. as pessoas mudam sim, irmão! e para melhor! agora também, não vamos exagerar, até porque é cada um com seus problemas né ô!

* texto escrito pelo FIPE com colaboração do jamanta, cesar e gui.